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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

64 Anos com Raul Seixas

Raul Santos Seixas não nasceu há dez mil anos atrás, mas sim no fatídico 28 de Junho de 1945, em Salvador, Bahia. O mundo começava a sanar a ressaca da Segunda Guerra Mundial, porém, para nós brasileiros, a dor de cabeça estava só começando. Seu primeiro contato profissional com a música acontece durante a Jovem Guarda, nos anos 70, como produtor musical. Os principais nomes produzidos por Raul foram Jerry Adriani, Leno e Lilian e Diana: a segunda linha de artistas da já questinável Jovem Guarda. Deixou seus pupilos entrarem no ostracismo pelas suas próprias letras e partiu para a carreira solo. Como cantor e compositor, lançou no Festival da Globo de 1972 duas músicas: "Let me sing" e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo". No ano seguinte, seu primeiro sucesso,"Ouro de Tolo", criticava o milagre econômico da ditadura com versos como: "Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais/no cume calmo do meu olho que vê/assenta a sombra sonora de um disco voador". É fato que, à época da composição desta letra, a ditudarua exigia subjetividade dos músicos para conseguirem gravar qualquer crítica. Agora, esperar sonoridadade da sombra é pedir demais até para o Inri Cristo.

A partir de 1974, une-se ao escritor brasileiro mais comercial de todos os tempos para escrever letras alternativas: Paulo Coelho espanta até a mosca da sopa e parte com Raul a disseminar o conceito clichê da "Sociedade Alternativa", uma mistura de anarquia, bordões repetitivos e um porre de cachaça ruim. Em 1976 lança o disco "Há Dez mil anos atrás ", que apresenta dois dos maiores sucessos do cantor, "Maluco Beleza", em parceria com Cláudio Roberto e a música título do álbum, escrita com Paulo Coelho. Pelo menos, era o que informava o encarte do disco. Em uma época na qual o intercâmbio cultural e os meios de comunicações ainda eram obsoletos, as músicas lançadas nos EUA e Europa demoravam anos para chegarem até o público brasileiro. Não para Raul e sua trupe que, com muito dinheiro e tempo livre, viajavam ao norte rumo a novas tendências e inspirações. Porém, no caso de "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", uma nova interpretação para o termo "inspirado" foi criada. Seis anos antes, Elvis Presley havia lançado em um de seus discos a música "I Was Born About Ten Thousand Years Ago" (ver vídeo acima). Paulo Coelho, anos após a morte de Raul Seixas reconheceu o fato, explicando-se: "Realmente, a música foi inspirada na do Elvis. Era uma maneira de Raul prestar sua homenagem ao seu maior ídolo". Se eu me inspirar em Machado de Assis e lançar, em inglês, um livro initulado "The Posthumous Memories of Bras Cubas", eu teria o crédito pela obra? Bom, em plena década de 70, Raul e Paulo Coelho tiveram. E muito.

A carreira e a própria vida de Raul, a partir do início da década de 80, entraram em uma bipolaridade perigosa entre o êxtase e o ostracismo. Refletidas tanto na sua música, com alternâncias entre sucessos e totais fracassos de vendas, quanto no âmbito pessoal, entre relacionamentos amorosos intensos, fama, solidão e alcoolismo. Em uma de suas últimas entrevistas, o compositor argumentou sobre suas oscilações durante a vida: "Eu chamo isso de reciclagem. E saio lúcido, pois toda vez que eu desapareço, eu volto com novo caminhos abertos". O maior risco de mudar várias vezes de caminho durante uma trajetória é não chegar a lugar nenhum. Raul Seixas foi encontrado morto pela sua empregada em 21 de Agosto de 1989, vítima de parada cardíaca decorrente de uma pancreatite aguda fulminate. Vinte anos se passaram. Desta reciclagem, ele ainda não voltou.

8 comentários:

Anônimo disse...

Raul Seixas foi tão ruim, mas tão ruim q influencia gerações até hoje. E vc? influencia quem?

...

Lamentável alguém escrever algo desse tipo sobre o mairo músico brasileiro de todos os tempos. Vai ouvir nx zero q deve ser mais tua cara.

Ŧóрєrš disse...

Ele só copiou a letra inteira, mas fez uma melodia nova. Ué, por que que num pode creditar a canção toda pra ele? Eu mesmo tô recompondo "Imagine" versão pagode, é a mesma coisa, ninguém vai tirar essa "obra" de mim.

Carol... disse...

E nós, pobres mortais, discutimos quem, de dois milionários até depois de mortos, leva crédito por 1(uma) música?!? Ah vá...
Ouve a música se gostar, e se não, ignore-a... mas acho q isso eh meio obvio neh...

Agora, Raul Seixas, "o maior músico brasileiro", ae tbm naum neh... hihihi

.barile disse...

- O termo "De domínio público", na minha opinião, pode ser traduzido por "Não sei quem é o autor, então vou pegar para mim".

-Raul Seixas e Paulo Coelho não pegaram uma música de "domínio público" de centenas de anos e fizeram sua interpretação. Eles simplesmente passaram para o português uma letra gravada por Elvis há apenas seis anos atrás. Agora, se o próprio Elvis, que não era compositor, também havia pego essa música do "domínio público", isso torna-se só mais um agravante da "inspirada" Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, a tradução da cópia da cópia.

.barile disse...

off: A discussão livre também pode ser acompanhada no orkut, na ótima comunidade " Raul Seixas Oficial" (http://tinyurl.com/lghbzw ), ou pelo twitter: http://twitter.com/fernandogalvao

Ŧóрєrš disse...

Quando a gente pega um texto de alguém e coloca ele em outra língua num é chamado tradução?

caró disse...

homenagem a Ana Karina... TOCA RAULLLLL

. disse...

mas o Raul é o eterno idolo ^^