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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

PMNFE - A Flatulência de Brasília

Lobão poderia ser somente um grande letrista. Ou um daqueles rockeiros falastrões, cabeludos, farofeiros, mas capazes de ótimas canções. Mas não. Ele quis ser mais. E acabou por se deixar levar a ser algo que, aparentemente, ocupa a maior parte de seu tempo: parecer bestial.
Você, raro leitor, provavelmente não entendeu o título desse texto, certo? É, nem eu. Mas Lobão sabe o que significa. E andou pelos quatro cantos de Brasília tentando explicar. Trata-se da sigla de um "partido político e bloco carnavalesco", criado por ele, e que ganha adeptos a cada dia: Peidei Mas Não Fui Eu!
A idéia até que é boa, escancara as atitudes indecorosas que nossos representantes do governo cometem e insistem em negar mesmo em frente a provas contundentes. Algo como Renan Calheiros explicando suas inexplicáveis vacas voadoras, ou o presidente Lula negando o inegável mensalão. Porém, a partir de um título pífio, pode também ser resumida como a prática pouco honrosa de "peidar" e não assumir o feito, apesar do cheiro flagrante. E é aí que o músico deixa de lado o protesto contundente contra os maus políticos para entrar no ramo da galhofa nacional. E destaque que isso tudo veio à mente de Lobão durante a turnê de seu acústico Mtv, na minha opinião, o melhor disco de rock do ano.
E a culpa dessa chacotagem que transformou-se na imagem do congresso é dos mesmos políticos que deveriam defendê-la. Fica difícil falar sério quando o assunto é mensalão, dinheiro na cueca, amantes, caixa dois, cafetonas. E são todos esses personagens desse tragi-cômico espetáculo orquestrados pelo maestro da sem-vergonhice do planalto: Luis Inácio Não-Sei-de-Nada da Silva.
Agora, voltemos a você, leitor. O que você faria com uma idéia dessas, provavelmente desencorajada por seus verdadeiros amigos? Claro! Bolaria uma musiquinha em cima de uma melodia do Chico Buarque e colocaria no YouTube!
Com vocês, Lobão em "Quem será que peidar". (Pelo menos ficou melhor do que a versão do Chico)
p.s. Só para constar, eu apoio qualquer manifestação cultural ou não que tenha como objetivo denegrir a imagem dos políticos brasileiros. Dito isso, deixo aqui o meu apoio ao Lobão, apesar de achar essa coisa toda um tanto ridícula demais.



quinta-feira, 27 de setembro de 2007

E-mail de Calvin para Suzie e vice-versa



tuesday, 18 de fev. de 1999, 14:44 p.m. from: hobbes_dude@worldmail.com to: suzy_derkins@ucla.edu subject:

oi suzy, vamos direto ao ponto. preciso de grana. entrar e sair de centros de reabilitação não é necessariamente o que você imaginaria um programa barato. reclame o quanto quiser, mas você ainda me deve essa. sei, sou um babaca e etc e tal. e daí? não dou a mínima para seus conselhos, nunca dei. mudei, mudamos. mas continuo não dando muita bola pro que você pensa, portanto mande dinheiro e nem pense em me responder com sua habitual ladainha. estou acessando esta porra de computador (odeio macs mesmo, sou o único que afirma isso em voz alta!) nessa merda de shopping, crianças não param de gritar aqui atrás. quem brinca com lego hoje em dia? elas ficam jogando as peças umas nas outras e uma quase engoliu um tijolo da série madonna. acredita em legos série madonna? pois é. merda, já comecei a descrever tudo de novo, lembra quando eu descrevia pra você a neve de denver e você cantava pra mim pelo telefone? vai chorar suzy? suzy cry baby! não faz essa cara - suzy cry baby - onde foi que erramos? ah, who cares... sua filha já brinca com o hobbes? já encheu ele de genuíno carinho infantil, passeou com ele por aí no campus? só você pra casar com um professor, depois de tudo, suzy. eu fui tão escroto assim é? nós iríamos crescer um dia, suzy derkins. eu ia perder meu charme de garoto tímido-boca-aberta-day-dreamer. ah, eu ia. ontem mesmo tentei brincar de spiff com duas crianças na praça e um guarda quis me prender por molestação. justo eu. são os anos 90 e eles estão se esvaindo, suzy. oh hell. grana suzy, por favor. dessa vez vou sair limpo, são e com menos devedores atrás de mim. i swear to god. bye sweetie calvin.
p.s.: se vc não responder logo, vou ligar.

tuesday, 22 de fev. de 1999, 14:44 p.m. from: suzy_derkins@ucla.edu to: hobbes_dude@worldmail.com subject: Re:

Calvin, seu desbocado. você me pergunta tanto quando quem deveria estar começando a fornecer respostas é ninguém outro que você. é imensamente respeitável o fato de que caminhando em direções opostas nossas chances de reencontro são nearly impossible.você me pergunta tanto. e eu mal começo a responder e já estou calando a boca de novo para ouvir seus pequenos dissabores.você já reparou como eu não consigo olhar pra muita gente nos olhos? você já reparou que meus primeiros cinco segundos no telefone são feitos de pavor adolescente? seja quem estiver ouvindo do outro lado da linha. quando foi a última vez que a vida mostrou-se surpreendente nos últimos 15 dias? quando é que você vai se conformar que o inesperado nunca vai avisar de sua chegada? não sei se existe um dia que nunca chega. não sei mesmo cal. vá passear num dia de sol e vá ler um livro e achar um emprego. me liga perto do natal me dando um endereço fixo para eu te mandar um cartão e uma foto da evan. hobbes dorme comigo e ainda sorri, evan chorou quando um olho dele caiu. eu costurei de novo e ela olhou atentamente e disse: "e se voce costurou de cabeça pra baixo mãe? hobbes vai ver o mundo de dois jeitos diferentes?" é lindo né? mas voce nunca admitiria. ela aponta para seus cabelos espetados quando vê as fotos. aprendi a não chorar quando chegam seus e-mails ásperos e chocantemente divertidos. sem dinheiro pra você, golden boy. luv, suzy.


tuesday, 18 de fev. de 1999, 14:44 p.m. from: hobbes_dude@worldmail.com to: suzy_derkins@ucla.edu subject:


suzzzzzzzzzzzzzzz, hoje eu acordei fazendo uma five year old question: “para onde voam os ventiladores de teto no inverno?”. você não entenderia o que é poder entrar em 4 bares numa mesma noite (você nunca foi parceira pra isso) e não tomar rigorosamente nada. quanto ao dinheiro, hey ho! no último bar encontrei uma garota que é roadie de uma banda daqui (“os abomináveis filhos de sartre”) e ela disse que vai me conseguir um emprego vendendo camisetas no show. ah, se eu tivesse toda essa determinação quando moramos juntos, né? o som é uma espécie de bee gees pós-seattle. cool , huh? não torce o nariz, quem já foi num show da lisa minelli não pode torcer o nariz pra mais nada. pergunta pra evan sobre os ventiladores de teto. e deixe de ser tão corrosiva suzie, não é pra convesar comigo mesmo que eu te escrevo, se fosse assim eu leria a sessão de quadrinhos do jornal até a vontade passar. acabo de lembrar que deixei o telefone da roadie em casa. beijos e aranhas de plástico no seu lanche, cal.


tuesday, 22 de fev. de 1999, 14:44 p.m. from: suzy_derkins@ucla.edu to: hobbes_dude@worldmail.com subject: Re:

calvin, seu astronauta de shopping,
se você fosse menos ácido eu não ficaria tão inclinada a entrar no jogo do ele disse/ela disse por e-mail. certo, é seu o título de corrisivo-junkie bom vivant. good for you. evan aprendeu a fazer dobraduras na creche, e são essas coisas que me importam. sinto que sobra vontade e falta sonho toda vez que você veste seu salva-vidas no mar de empregos temporários. frustração diária se combate com os olhos atentos para o inesperado, cal.
acabo de ganhar um barquinho feito pela evan. às vezes eu quero desdobrar o origami em que me tornei. hobbes disse que os ventiladores de teto no inverno vão atrás de meninos que não querem tomar banho.
escrevi a palavra divórcio no meu diário pela primeira vez.
“love in the 90s is paranoid.”
lembre disso quando ligar pra roadie,
beijos e sopa para jantar,
suz.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Obsessão

A noite caía trôpega ao seu lado. Estavam anoitecendo juntos, ele e a noite, enquanto aquele sambinha barato cantado por um bêbado não saía de sua cabeça. Tentava se livrar de muitos fantasmas, mas estavam todos lá. Olhava para a noite com um ar cínico, quase que estranhando-a, mesmo sabendo ser ela sua mais fiel companheira. Acha isso irônico? Você ainda não viu nada.
"Já não é amor, já não é paixão. O que eu sinto por você é obsessão". Essa frase piegas não desgrudava de sua cabeça. E olha que odiava samba, sempre odiou. Há músicas que, sem a menor razão, simplesmente não saem da cabeça. Mas não era o caso, dessa vez, aquilo tudo fazia sentido.
Ficou pensando sobre o que levou a sentir tamanha incoerência. Àquela altura do campeonato muita coisa já estava perdida. E isso não era surpreendente. Seria a ironia pegando uma peça?
Surpreendente foi sentir a falta de algo nunca antes ausente. Como se lhe tivessem arrancado um braço, sem ao menos ele saber que o braço podia ser arrancado. E não era amor, era obsessão.
A conta é simples: se toda essa história de alma gêmea realmente existe, seria coincidência ela sempre ser encontrada em um raio de 2 km de sua casa?
Não seria o caso de, por ironia do destino, a dele residir na Nicarágua? Não. Nossas Almas Gêmeas sempre nos rodeiam. E isso não fazia sentido algum para ele. Até porque, àquela altura do campeonato, já era tudo obsessão. E muita coisa já havia sido perdida, e o braço não estava mais pregado ao corpo.
Por mais irônico que fosse, ele acreditava em coisas que não lhe faziam sentido. Acreditava em amor, em paixão. Só não botava fé na obsessão. Acreditava até mesmo em alma. Alma existe? A conta era simples, se a alguns pares de séculos atrás, o planeta Terra era habitado por 1 bilhão de pessoas, que hoje já se transformaram em mais de 6 bilhões, de onde vieram essas 5 bilhões de almas extras? Haveria um planeta reservatório de almas? A reencarnação não fazia sentido.
Estava confuso, trôpego. A cada cigarro tudo se tornava mais confuso. E a noite caía ao seu lado.E também era trôpega. E repetitiva. Confuso, trôpego. Fumava um pouco mais do que de costume. Talvez, por estar repetitivo.
Sabia que aquela não podia ser sua alma gêmea. Não porque ela não fosse suficiente boa para ele, mas somente porque não acreditava em alma gêmea. Não acreditava no amor, na paixão. Amar é verbo egoísta. Era tudo obsessão. Quem diz que ama só espera ser satisfeito os desejos próprios, a sua felicidade. Até quando é solidário, o amor é egoísta. O Outro é o espelho que reflete a si mesmo, em forma de outro. Quem ama de verdade ama calado, sozinho.
E ela gostava dele, mesmo dizendo que gostava, mesmo não gostando calada. Ela fingia que o amava, e o amava de verdade ao mesmo tempo. Mas até aquilo tudo fazer sentido para ele, muita coisa já havia sido perdida.
E ele já não acreditava quando ela dizia que amava. Em nem sequer uma letra do que daquela boca saía.
Não porque achava que não fosse sincera, ou que não fosse suficientemente boa para ele. Não o fazia simplesmente por não acreditar no amor, na paixão. Não conjugava mais o amar. Entre o sujeito e o verbo havia uma vírgula. Uma elipse de si mesmo. E usava um narrador onisciente, tentando disfarçar sua obsessão para o que era, reconhecidamente de fato, obsessão. havia se transformado numa terceira pessoa que começava frases com letras minúsculas. Estava confuso demais para tudo aquilo. E trôpego. Já não havia mais EU. Já não era mais amor. Não podia ser. Só fazia sentido se quando fosse verdadeiro, não houvesse dúvida. Mas ele não acreditava em nada daquilo. Ele duvidava de suas dúvidas, ao mesmo tempo que não acreditava mais em suas certezas. Botava em xeque até mesmo sua cara. O resto do braço arrancado não causava-lhe dor. Deixava apenas a lembrança que ali já havia acontecido um braço, que lhe fora arrancado.
Acendeu outro cigarro: seria possível o amor ser o causador de tanta confusão? Seria irônico, mas talvez, àquela altura do campeonato, fosse só obsessão.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Produtos do Ócio: As Férias dos Los Hermanos



Dominó? Passeio no parque? Chá com os amigos? Que nada! Enquanto os esperados discos solos de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante não saem, os hermanos parecem bem à vontade em sua nova investida cultural: curtir a aposentadoria adoidado!


E o bloco, que já fora do eu sozinho, ao que parece, anda bem agitado. No vídeo acima, o guitarrista e vocalista, Rodrigo Amarante, em uma atuação peculiar, interpreta a canção "Eu bebo Sim", junto ao seu mais assíduo projeto, a big band carioca Orquestra Imperial, com a qual acaba de lançar o regular cd "Carnaval Só Ano Que Vem". O projeto, que já vinha tomando algum espaço do músico junto a carreira do Los Hermanos, e ao "final temporário" da banda, virou sua principal atividade, já foi apontado como um dos fatores determinantes do recesso. Outras supostas razões apontam para um conflito criativo entre as composições de Amarante e Camelo. Mera especulação de quem não sabe muito o que dizer. Independente da causa, o que parece é que os dois cantores se tornaram maiores que a banda.

Deparei-me com o tal "Carnaval Ano Que Vem" semana passada. Intempestividades à parte, demorei um tanto de tempo para entender o disco. O som nos faz lembar dos antigos bailes carnavalescos (mesmo àqueles que, assim como eu, nunca foi a um deles). Uma grande seleção de novas marchinhas e monotonias mpbísticas capazes de alguma empolgação. Quem espera uma influência maior de Amarante no disco se decepciona. Não há nada na Orquestra que se confunda com algo de Los Hermanos. Seria um Rodrigo Amarante que os hermanos não deixavam transparecer com tamanha nitidez? Talvez. Não me atreverei a dizer do que é feito o samba. Mas dá para arriscar de onde ele vinha para a banda: de Amarante, é claro.

Muita balela já fora relacionada à esse vídeo. Títulos como "Amarante Doidão" ou "Amarante muito louco" mostra toda a superficialidade de quem não consegue enxergar que, de fato, não se tratava de nada além de uma encenação hilária. E como vocês já devem ter reparados, eu sou totalmente contrário a polêmicas infundadas. O vídeo se torna algo a competir com a também hilariante parceria insólita Sandy, a Virgem e Marcelo Camelo (artigo já publicado aqui no Clube).


Outro integrante que arrisca em novos ares é o tecladista Rodrigo Medina. Fundamental para a parte melódica da banda (apesar de algumas introduções de seu tecladinho me irritarem um pouco), Medina investiu maior atenção a seu interessante blog, Instante Posterior, publicado pelo portal G1. Entre rabiscos literários, análises culturais e atualidades, o blog dá peculiar atenção às peripécias quase camponesas do músico, pós-Los Hermanos. Uma delas eu destaco aqui na foto, revelando, em uma pose nada muito charmosa, uma de suas novas atividades: montaria estática. Aparentemente, ficaria mais à vontade na frente do computador.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Para Quando nos Faltarem Palavras

Sempre nos orgulhamos da complexidade e riqueza de nossa Língua Portuguesa. Nos gabamos ao deparar com um estrangeiro e explicar que, para o sentimento de falta de alguém ou alguma coisa, no nosso idioma existe uma palavra compatível, e das mais belas existentes: Saudade.
Porém, não são todos sentimentos e idéias que a Língua Portuguesa é capaz de desvendar em letras. O livro Tingo, recém lançado pela editora Conrad, lista vários exemplos de ações que todos realizam, mas só alguns podem relatar em um único termo.
Quando uma música não sai de sua cabeça, por exemplo, não temos um termo compatível a essa ação em Português. Porém, para quem vive na Alemanha, Ohrwurm descreve exatamente isso.
Todos nós procuramos uma "alma gêmea", alguém para passar o resto de nossas vidas juntos, certo? Ok, contudo, na Nicarágua, o dialeto ulwa sabe exatamente como descrever esse fato: alamnaka!

"Tingo - O Irresistível Almanaque das Palavras que a Gente Não Tem", surge não apenas como uma coletânea de curiosidades sobre diversos idiomas pelo mundo, mas também nos leva a uma reflexão sobre nós mesmos, e como consideramos determinados sentimentos que nos acometem. É difícil imaginar que, diante de vários acontecimentos ínfimos de nosso dia-a-dia, simplesmente não temos palavras. "Nós somos o que sentimos". Acrescento a tal máxima, "Nós sentimos o que podemos expressar".
Continuando a viagem de Tingo pelo mundo das palavras, em persa, a palavra mahj significa "parecer bonita depois de uma doença". Todo mundo tem o costume de cantarolar para si mesmo alguma canção. Os turcos, além de fazê-lo, o denominam: dizlanmak!
Nos falta também, uma palavra que defina o singelo ato de comer os restos de comida de outra pessoa. Sunarsopok, em inuíte, idioma falado pelos esquimós, singnifica exatamente isso.
É fato que o autor do livro, Adam Jacot de Boinod, deve ser uma pessoa com uma quantidade invejável de tempo livre. Mas essa pesquisa realizada, e que na edição foi dividida em temas como "Coisas do Coração", se mostra tentadora e um excelente passatempo para todos aqueles amantes das letras.




quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Blá-Blá-Blá de Heroes


Estréia domingo para os brasileiros a série de maior sucesso do momento, para os americanos. Heroes desbancou L.O.S.T. do primeiro lugar e promete aquecer o mercado da lataria-reciclável que virou a nossa querida e estimada televisão.
O roteiro de Heroes é tão encantadoramente piegas quanto surpreendentemente repetitivo, usa meia-dúzia de atores com o padrão "malhação" de qualidade e abusa de efeitos especiais de quinta categoria. Nada que uma mega divulgação mundial não possa resolver em alguns milhões de dólares. De quebra, a trilha sonora é também nem um pouco original (o vídeo acima é o trailer promocional dos últimos capítulos da temporada).
O que se poderia esperar dessa mistura desastrosa?
Sucesso! É claro.
"Mas se é tão ruim assim, por quê tanta gente assiste?"

Não pretendo agora entrar na discussão retórica de que sucesso não é sinônimo de qualidade, ou que os programas líderes de audiência quase sempre são pífios em valor cultural.
Nem menos irei pedir auxílio a Nelson Rodrigues, com a sua pontualidade: "Toda unanimidade é burra!" Diria ele.
Dessa vez, vou apelar à quimica de Lavoisier para buscar um tanto de luz nesse túnel do plágio batizado de Heroes. Porém, ao contrário do que ocorre na natureza, na televisão nada se cria ou se tranforma: tudo se copia.

Voltamos algum tempo, à Marvel, gigante dos quadrinhos, e seu X-Men.
Adolescentes típicos, daqueles vistos em qualquer cyber-café debatendo a filosofia do Msn, se descobrem detentores de poderes extra-humanos (Heroes copiou isso). Entre evitar catástrofes, salvar a humanidade e combater o mal (Heroes copiou isso), os heróis-mutantes da série convivem com conflitos existencialistas da profundeza de um pirex, com a intensidade de uma tempestade (Heroes copiou isso). Os X-Men's, além de seus oponentes, travam constantes combates internos, exaltando não somente seus super poderes, como também a fragilidade humana existente em cada um (Pasmem: Heroes também copiou isso!).

Engana quem considerar Heroes simplesmente uma cópia mal-sucedida de X-Men: é uma cópia mal-sucedida com bônus! Em que outro roteiro você poderia presenciar o seguinte diálogo: "-Quando eu salvei você, eu salvei o mundo?/ - Eu não sei, sou apenas uma líder de torcida". Seria cômico se não fosse uma ficção-científica-pré-adolescente.
"Mas se é tão ruim assim, por quê tanta gente assiste?"

Essa frase martela minha cabeça desde Harry Potter. Desde Lost. Desde Big Brother...
Chego, ao final desse túnel, sem respostas e me dobro diante da inquestionabilidade da dúvida: Se é tão ruim assim, por quê você assiste?
Deve ser por tédio.
Heroes, estréia da primeira temporada domingo, na Record.
Vai indo que eu não vou.



....



Tarantino diz não!


O diretor de "Kill Bill" e "Pulp Fiction" revelou que já foi chamado inúmeras vezes para dirigir um episódio da série dos heróis - e declinou todos os convites.

Em entrevista para o jornal britânico The Sun: "Eles tentaram fazer com que eu fizesse um episódio. Eu nunca vi a m**** da série. Que m**** é 'Heroes'?".