Não, esse tópico não se trata de uma biografia do mestre Bezerra da Silva, mas é quase tão bom. Lançado recentemente na França o livro Comment Parler des Livres que l'On n'A pas Lus? (Como Falar dos Livros que Não Lemos?) pelo psicanalista e professor de literatura francesa da Universidade de Paris VIII, Pierre Bayard, a obra explora o mais ancião dos assuntos, o pseudo conhecimento literário. Ao contrário do que muitos poderiam pensar, o tom é de exaltação e incentivo ao falso ou incompleto entendimento quanto às leituras. Para ser mais exato, esta idéia não é defendida como uma forma de engabelação, mas sim apenas uma outra maneira ardilosa de se apreciar um livro. A leitura ramificada seria tão somente uma alternativa muito plausível num rio de conhecimento ao qual estamos banhados hoje. Com a quantidade incrível de livros incríveis a que temos acesso, seria incrível ter a capacidade de consumir toda sabedoria transmitida por eles, então, por que não se fazer mão de um subterfúgio? O autor defende sua idéia por meio do seguinte argumento: tudo que lemos, mesmo incompletamente, agrega-se ao nosso histórico, e é tão importante quanto às leituras cabais, já que estas são as esquecidas vítimas da memória. Logo, o inteiro e o incompleto podem muitas vezes terminar no mesmo vazio. Contudo, o mais interessante fica por conta de uma espécie de máscara social do bom leitor. Se entender a leitura parcial é importante, mostrar que ela foi de cabo a rabo é muito mais. Bayard apresenta alguns recursos aos quais podemos recorrer a fim de nos aparentarmos, sem medo, como um conhecedor consciente. Nas linhas à frente, temos um breve quadro destes recursos, uma colinha que pode facilmente ser ajustada na manga dos pseudo-intelectuais de plantão.
Primeiro, a autoridade está com quem a afirma, não tenha medo, todos à sua mesa de discussão têm suas lacunas culturais, não há o que temer. O mesmo vale para o segundo ponto, opiniões são simples juízos de valor, cada um tem o seus, só depende da resistência das suas convicções. Seja tão criativo quanto às obras não lidas por você, invente episódios, autores e livros, caso desmascarado, a velha cara de desentendido e confuso ainda é uma arma imbatível. E por último, o mais prazeroso e corriqueiro dos hábitos, fale, opine, critique aquilo que você não leu e tem somente uma vaga idéia do que se trata.
O mais revelador neste livro fica ao cargo do simples e puro entendimento dos fatos. Nada melhor do que discutir ou explanar o desconhecido, deleitar-se em preconceitos e generalizações. Esta que, talvez, seja a atividade mais praticada pelas pessoas, algumas podendo gastar uma noite inteira falando absolutamente sobre o nada. O melhor não termina por aí, porque o falante tem à disposição uma platéia tão participativa quanto ignorante, assim, se discorre várias versões reais hipotéticas e únicas em cada roda de conversa. Classifica-se pseudo-intelectuais os membros de mais destaque nesta concepção por ostentarem reter o verdadeiro conhecimento, mas não devemos deixar de valorizar todas as conversas cretinas realizadas por aqueles que não se apresentam como entendedores, mas mesmo assim têm algo a dizer. Bem como este texto que você lê agora, baseado em fatos tão somente inexplorados por este cretino autor sem o menor recurso estatístico e justificado por um livro que eu nem sequer li ainda – e eu ficaria imensamente satisfeito se você, no fim de tudo, tivesse uma opinião sobre ele.
Primeiro, a autoridade está com quem a afirma, não tenha medo, todos à sua mesa de discussão têm suas lacunas culturais, não há o que temer. O mesmo vale para o segundo ponto, opiniões são simples juízos de valor, cada um tem o seus, só depende da resistência das suas convicções. Seja tão criativo quanto às obras não lidas por você, invente episódios, autores e livros, caso desmascarado, a velha cara de desentendido e confuso ainda é uma arma imbatível. E por último, o mais prazeroso e corriqueiro dos hábitos, fale, opine, critique aquilo que você não leu e tem somente uma vaga idéia do que se trata.
O mais revelador neste livro fica ao cargo do simples e puro entendimento dos fatos. Nada melhor do que discutir ou explanar o desconhecido, deleitar-se em preconceitos e generalizações. Esta que, talvez, seja a atividade mais praticada pelas pessoas, algumas podendo gastar uma noite inteira falando absolutamente sobre o nada. O melhor não termina por aí, porque o falante tem à disposição uma platéia tão participativa quanto ignorante, assim, se discorre várias versões reais hipotéticas e únicas em cada roda de conversa. Classifica-se pseudo-intelectuais os membros de mais destaque nesta concepção por ostentarem reter o verdadeiro conhecimento, mas não devemos deixar de valorizar todas as conversas cretinas realizadas por aqueles que não se apresentam como entendedores, mas mesmo assim têm algo a dizer. Bem como este texto que você lê agora, baseado em fatos tão somente inexplorados por este cretino autor sem o menor recurso estatístico e justificado por um livro que eu nem sequer li ainda – e eu ficaria imensamente satisfeito se você, no fim de tudo, tivesse uma opinião sobre ele.
4 comentários:
Engraçado como mesmo em diferentes áreas os conceitos são os mesmos. Hj na minha aula de animação (sim eu estudo animação e é uma disciplina curricular) o professor comentava do entendimento de um video que assistíamos e de que como a interpretação vai depender do repertório cultural de cada um. E com um livro não poderia ser diferente. Mas seria tão ruim essa posição de ser um pseudo intelectual? é tão ruim trazer a uma roda um tema ou opinião a discutir? Talvez sejamos todos pseudo intelectuais afinal. Não sei se compreendi ao fundo o artigo do meu querido amigo Topera ( a quem admiro e tenho muita satisfação pela qualidade de sua publicação), mas posso dizer que sou outra pessoa após ter lido. E se esse texto ou qualquer outro ou tem esse poder, sejamos então pseudo intectuais.
Rodrigo, estudante de Design gráfico e amigo do topera.
visitem nosso blog tb
http://designuel.blogspot.com/
Ha, ha, ha... Grande Naser... ESSE É O AMIGO!!!
pr bns ntddrs, m plvr bst
Ha, ha, ha... tá certo... me vê uma Schin, então! NÃO, NÃO! Num brinca com essa coisas, não!
Postar um comentário