Primeiro, a autoridade está com quem a afirma, não tenha medo, todos à sua mesa de discussão têm suas lacunas culturais, não há o que temer. O mesmo vale para o segundo ponto, opiniões são simples juízos de valor, cada um tem o seus, só depende da resistência das suas convicções. Seja tão criativo quanto às obras não lidas por você, invente episódios, autores e livros, caso desmascarado, a velha cara de desentendido e confuso ainda é uma arma imbatível. E por último, o mais prazeroso e corriqueiro dos hábitos, fale, opine, critique aquilo que você não leu e tem somente uma vaga idéia do que se trata.
O mais revelador neste livro fica ao cargo do simples e puro entendimento dos fatos. Nada melhor do que discutir ou explanar o desconhecido, deleitar-se em preconceitos e generalizações. Esta que, talvez, seja a atividade mais praticada pelas pessoas, algumas podendo gastar uma noite inteira falando absolutamente sobre o nada. O melhor não termina por aí, porque o falante tem à disposição uma platéia tão participativa quanto ignorante, assim, se discorre várias versões reais hipotéticas e únicas em cada roda de conversa. Classifica-se pseudo-intelectuais os membros de mais destaque nesta concepção por ostentarem reter o verdadeiro conhecimento, mas não devemos deixar de valorizar todas as conversas cretinas realizadas por aqueles que não se apresentam como entendedores, mas mesmo assim têm algo a dizer. Bem como este texto que você lê agora, baseado em fatos tão somente inexplorados por este cretino autor sem o menor recurso estatístico e justificado por um livro que eu nem sequer li ainda – e eu ficaria imensamente satisfeito se você, no fim de tudo, tivesse uma opinião sobre ele.