"Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo".
Fernando Pessoa, Análise. IN "O Eu profundo e os outros EUS".
7 comentários:
esse cara é sensacional. e esse é meu livro de cabeceira.
tomara q vc esteja falando de "quinta"-feira... é isso não é? rs
esse poema é bom
literamente elizeu.....
quinta categoria também é literal, fernando... se eu não tivesse visto o poema de cima (foi um erro, reconheço, postar antes de ler o título dele), não teria um contexto e, portanto, o título ficaria ambiguo. No entanto, qdo li o título e a letra do de cima, pude associar literal e metafórico, pq aí já tinha o contexto. Mas aí já era tarde, já tinha postado.
"rs"
era pra confundir mesmo...rs
Elizeu, você já apresentou o trabalho esta semana, pode ficar tranqüilo agora.
Zuera...
putz... é verdade! vou tomar uma bohemia em lata e, como não fumo, pedir para uma dose de ipioca acompanhá-la.
ah... e depois cochilar (o mais torto possível) no meu sofá.
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