quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Um Lugar-Comum Chamado Drummond
"Carlos Drummond de Andrade é um gênio. Sua obra é estupenda. Sua poesia, maravilhosa. Só de se ouvir alguns de seus versos, suspiros de amor são proferidos por belas e castas donzelas."
Eu não faço a menor idéia de quem disso isto.
No meio do meu caminho tinha Drummond e toda sua pieguice em forma de verso:
"O amor tem raízes fundas,feitas de sofrimento e de beleza. Por aquelas mergulha no infinito,e estas suplanta a natureza".
"Eu te amo porque te amo.Não precisas ser amante,e nem sempre sabê-lo.Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga".
"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração para de funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da sua vida"
Além da pieguice, encontra-se também uma certa dose de esquisitice quando o poeta resolve falar de amor:
"Amor é bicho instruído. Olha: o amor pulou o muro. O amor subiu na árvore em tempo de se estrepar. Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escorre do corpo andrógino".
Não me incomoda ver alguém sofrer para demonstrar seu amor. Não me incomoda se apelam para filosofia seicho-no-ie, mensagens em balas de menta, poemas de papéis-de-carta ou pára-choques de caminhão. Quando se ama, a gente fica meio bobo mesmo. Agora, o que realmente me irrita, é o rótulo pré-fabricado pregado a alguns nomes. A máxima de que Carlos Drummond é um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos é repetida como um mantra sagrado por décadas. Particularmente, penso que considerar Drummond um dos melhores autores brasileiros é uma ofensa a nossa Língua.
Carlos Drummond de Andrade irá continuar, por anos, a ser lembrado como um gênio. Eu vou continuar, por anos, a tentar descobrir quem foi que disse isto. A minha porta, Drummond não atravessa: de pieguies minha casa já está cheia.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
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